Preciosos vinhos na medida exata
O simples fato de voltar a Paris já era algo suficientemente gratificante. Mesmo com todo o peso do euro vergando nossos reais – como ocorria há dois anos -, a capital francesa merece ser revisitada sempre que possível. Foi minha primeira vez no finzinho do inverno, ainda prefiro maio ou setembro. Mas em qualquer estação, declaro minha incondicional rendição aos bons vinhos franceses e à facilidade com que eles são disponibilizados a quem por eles se interesse.
Em um café quase modesto, encravado em meio às luxuosas lojas da Avenue Montaigne, fiz questão de abrir a refeição com um cálice de rosé de Provence (em memória à crônica escrita antes da viagem, que abordava o tema) e prosseguir com um cálice de encorpado Bordeaux. Ambos foram escolhidos entre várias possibilidades, descritas na carta com nome e região do produtor, safra, preço para 175ml, 350ml ou uma garrafa – se este fosse o caso, as opções se multiplicavam uma dezena de vezes.
É isso, essa facilidade em beber um bom vinho, exatamente do jeito que se pensou, na medida desejada e no ambiente que se escolheu, é exatamente a dimensão dessas possibilidades que me fascina numa cidade cosmopolita, de um país que respeita o vinho e seus apreciadores. Em uma dúzia de refeições, sem repetir lugares e na maioria das vezes os escolhendo ao acaso, um cálice custou entre R$ 18,00 e R$ 35,00, sempre bons vinhos, um ou outro excepcional.
Antes que alguém ache caro, digo que também achei. Na meia dúzia de vezes em que estive na França, não recordo de outra ida em que o câmbio nos estivesse tão desfavorável. Uma garrafa de água sem gás custa entre R$ 18,00 e R$ 25,00, em não raros restaurantes custa mais do que um cálice de vinho. Este, aliás, só fica caro porque requer água para acompanhá-lo – de resto, é só merecimento.
A propósito: na geladeira do flat, dispensei mineral o tempo todo – a água da torneira é ótima, superior a algumas marcas francesas menos conhecidas. Já em Porto Alegre, até para cozinhar raviólis precisa-se comprar mineral – nossa água é saudável, mas o seu gostinho no verão…
