Páginas
Facebook
Categorias:
Espumantes ou o quê?

Espumantes ou o quê?

Nesta mesma seção, outro dia publiquei a opinião de Francisco Morales, favorável ao batismo de nossos espumantes. É, seria criar um nome que de pronto os identifique como provenientes do Rio Grande, assim como acontece com as cavas, na Espanha – se é cava, veio de lá, o consumidor já tem (ou forma) uma ideia do que irá encontrar na garrafa.

Pois o autor da sugestão, digamos seu padrinho, ficou quase sozinho na defesa de seu pensamento. Chegou a levar uma ou outra espinafrada em contestação, sob um principal argumento: espumante já era uma denominação, conduzia irremediavelmente aos charmat e champenoise que tão bem se produzem aqui, não haveria por que recomeçar uma estratégia de marketing se o que se tem está funcionando a contento.

Ficou por isso.

Há algumas semanas, dois jornalistas especializados visitaram separadamente a Serra Gaúcha, a convite do Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho), e se esbaldaram degustando espumantes. Os ingleses – sim, eles eram de lá – borbulharam entre 30 rótulos, derramaram-se em elogios e chegaram a uma conclusão: a imediata necessidade de encontrar um nome para o espumante brasileiro.

Jonathan Ray é autor de livros e escreve para vários jornais e revistas do Reino Unido. Ele entende que “os espumantes são o futuro do Brasil, poderão ser o que a Carménèreé para o Chile, a Malbec para Argentina e a Tannat para o Uruguai. Eles poderiam ser uma categoria especial – algo como Brut de Brazil – do mesmo modo que a África do Sul, por exemplo, tem o cap classique”, conclui. Em um exercício de imaginação, Ray vislumbra os visitantes pedindo “um Brut de Brazil, por favor,” durante a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada do Rio.

Quem aparece nas fotos preparando-se para iniciar sua degustação é Charles Metcalfe, o outro jornalista inglês que defendeu um nome para nosso espumante. “Vocês têm a vantagem de o Brasil possuir uma imagem muito positiva no mundo inteiro, argumenta. A maior parte das pessoas enxerga o Brasil como  um país amável e divertido e seria indispensável capitalizar essa empatia encontrando um nome para o espumante brasileiro, a exemplo da cava”, conclui.

Desta vez a ideia ganhou um apoiador importante: Julio Fante, presidente do Ibravin. “O Brasil deve ter não somente um nome para o espumante, mas uma completa metodologia  de produção controlada e qualificação certificada, sustenta Fante. O assunto já foi tratado no programa Visão 2025 (Programa Estratégico do Setor Vitivinícola Brasileiro), não se chegou ainda a um consenso, embora o tema continue em pauta”, informa.

Como da publicação anterior, o espaço continuará disponível a quem quiser opinar. Mas em fevereiro, quando este colunista e Adega estarão de volta a esta página.

charles_metcalfe

charles_metcalfe_na_sede_do_ibravin_degustando_30_espumantes

Deixe uma resposta para % s