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Bons motivos para festejar

Para quem há décadas escreve sobre o tema, é gratificante acompanhar a evolução dos vinhos gaúchos. Ela seguramente é maior em termos qualitativos do que nas vendas: o consumo brasileiro per capita continua pequeno, embora cresça incessantemente o número dos que ingressam no mundo dos vinhos finos, advindos dos de mesa, dos garrafões e de outras bebidas. Esse crescimento deve ser festejado mais ainda se considerarmos que ocorre simultaneamente ao ingresso no mercado de (bons e maus) rótulos importados de todo o planeta.

Houve um período em que a evolução foi basicamente tecnológica: as vinícolas investiam em equipamentos, conhecimento, mas a maior parte delas considerava a região da Serra Gaúcha como a única habilitada a receber o cultivo de videiras. Aos poucos o terroir de outras áreas do Rio Grande passou a ser tolerado, depois aceito e finalmente valorizado como uma opção rentável – em todos os sentidos, inclusive por permitir a elaboração de vinhos diferenciados, com características diversas daquelas às quais se cingiam os rótulos gaúchos.

Não por acaso, é nessa direção que se solidificam investimentos de tradicionais produtoras. Formam e contratam enólogos competentes, optam pela qualidade em detrimento de produtividade, saem em busca do terroir alternativo que lhes permitirá lançar novos e atraentes produtos em um mercado a cada dia mais competitivo.

A foto que ilustra este texto poderia ser de alguma outra vinícola gaúcha, de várias que legitimam a evolução aqui comentada. Mas retrata a magnífica sede da Salton, no distrito de Tuyuti (Bento Gonçalves), porque neste mês de agosto ela completa seu centenário. A façanha mereceria ser muito festejada, mesmo que fosse uma empresa de outro setor. No saudável mundo em que habita a Salton a festa precisa ser maior, o brinde ganha nobreza e o sabor incomparável que somente os vinhos têm.

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