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Selvageria de raiz

Gostamos do Gauchão disputadíssimo, acirrado, brigado – no bom sentido. Nada a ver com o que tem ocorrido fora do campo, desde o Grenal do ano passado, com o entrechoque entre parte das torcidas. Menos ainda com a violenta agressão sofrida pelo presidente do Pelotas domingo, após o jogo com o São Luiz. Ah, o jogo foi em Ijuí? Não: na Boca do Lobo, sendo seus autores membros de uma organizada, inconformados com a quantidade de ingressos gratuitos recebidos do clube. Um dos agressores ontem ainda estava no presídio. É pouco para tão descabida violência.

Aliás, punição a quem?

O Pelotas ficou proibido de usar seu estádio, parcialmente reaberto domingo, com mais truculência. A dupla Grenal tem jogado para poucos torcedores. A punição por distúrbios deveria focar nos marginais que neles se envolvem, mas acaba prejudicando a terceiros. O São José deixou de faturar quase uma folha salarial, já que a torcida do Inter não podia estar nas arquibancadas. Em Novo Hamburgo e Grêmio, famílias tiveram que se disfarçar para ingressarem no estádio – e o prejuízo do NH, quem paga?
Pobre Rio de Janeiro
Flamengo e seu elenco de estrelas contra Botafogo, um grande clássico, teve 6 mil pagantes. O Corinthians, em meio aos temporais que desabavam em São Paulo, conseguiu reunir quase 26 mil para ver seu time reserva contra a Ponte Preta. O Inter jogou para 734 pessoas, com renda de R$ 13.680,00. Sim, você leu corretamente, foi só isso. E ainda teve torcedor chamando o time de sem-vergonha, reclamando da diretoria. A questão é: formar supertimes e jogar para quem? E pior: pagar como?

Pitacos

A contratação de Vizeu foi uma ótima notícia no Grêmio. A recuperação de Luan, melhor ainda. Mas o máximo seria o Tricolor receber uma fortuna por um percentual de Tetê – e assim manter Everton no time por mais tempo. *** Para o Inter o piso do estádio do São José pode ter atrapalhado. Mas a impressão era de que jogadores do Zequinha tinham dificuldade ainda maior em dominar uma bola, eram enganados pelo pique dela… Um horror. *** Não vou dar palpites – ainda – sobre como Odair Hellman deve montar seu time. Mas na terceira rodada do Gauchão, limitar-se a uma magérrima vitória, com substancial ajuda do goleiro do São Luiz, é pouco, quase nada.

Mais pitacos

Claro, o esforço da direção do São José tem que ser valorizado. Só que o gramado sintético do Athletico-PR é de outra turma, sem dúvida. *** Ainda bem que a RBS largou aquela ridicularia de tratar nosso campeonato como “O Charmoso Gauchão”, imitando o do Rio. Chamar de Raiz ficou mais verdadeiro. *** Em São Paulo não apenas os clássicos têm torcida única: vale também contra times de Campinas. O Guarani, que chegou a ter seu estádio em leilão, recebeu o Corinthians com apenas 7 mil torcedores. *** Como sobreviver se, na hora de faturar alto, os clubes do Interior ficam somente com suas próprias torcidas?

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