Paris ao estilo dos franceses
É desagradável deixar um finzinho de verão para enfrentar frio de cinco graus, vento cortante e o euro em cotações proibitivas frente aos nossos modestos reais. Mas se o destino for Paris, nada disso parece ser problema. Andar sem pressa pelos majestosos bulevares, revisitar placidamente os museus e pontos históricos, beber um café, um cálice de vinho ou simplesmente respirar o ar cosmopolita e civilizado da capital francesa, qualquer dessas coisas – ou tudo isso – justificam a longa viagem.
Não falei em restaurantes? Bem, ficarão para outro momento, se não vira covardia. Ainda que culinárias mediterrânea, oriental e o que mais estiver na moda cativem as pessoas, a clássica cozinha francesa continua imbatível. Aliás, bastariam os produtos e ingredientes disponibilizados no comércio de rua para fazer a felicidade de chefs amadores, imoderados glutões ou exigentes gourmets. Pela terceira vez consecutiva este colunista abre mão de ficar em hotéis e escolhe algum flat em Paris. Óbvias razões: uma cozinha no apartamento, mesmo compacta, pode significar um verdadeiro tesouro, que faço questão de aproveitar em pelo menos duas ou três refeições durante a estada.
Agora convido o leitor a passear por algumas vitrines interessantes.
Na primeira foto, a de uma boucherie, que por aqui chamamos de açougue.
em pleno Quartier Latin. É impressionante ver o capricho e o asseio com
que as carnes são manuseadas e cortadas. Também chama atenção o preço estabelecido para o faux-filet (nosso contrafilé, no alto, ao centro): R$ 103,00 por quilo. Melhor trabalhar com aves, carne suína ou até pescados -em um supermercado do bairro, vi bandejas de camarões brasileiros por preços proporcionalmente menos assustadores.
A segunda foto é da loja de chocolates da Fauchon, decorada para a Páscoa. É indescritível o que ali se pode degustar e gastar – minhas experiências anteriores ficavam sempre na loja principal, cada vez maior, ponto inescapável para quem está na cidade. A terceira foto é apenas para mostrar que nem tudo é tão caro: em muitos locais, pelo equivalente a R$ 26,00, pode-se degustar seis dessas ostras que vêm da Normandia e um cálice de vinho, acomodado em mesas sobre a calçada ou no salão, convenientemente aquecido.
A propósito de mesas sobre as calçadas, elas estão no cotidiano parisiense. Mas como a cidade é civilizada, não ocorrem abusos: cabem mesas, cadeiras, pessoas, cachorrinho e ninguém fica impedido de transitar. É o que mostra a quarta foto, algo que Porto Alegre deveria imitar.
Em tempo: o colunista viajou a Paris a convite de si mesmo.