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Os champagnes no fundo do mar

Os champagnes no fundo do mar

Não importa a lógica exploração do fato pela turma do marketing, a história é interessante, curiosa e merece ser contada. Em julho anunciou-se a descoberta de um navio naufragado nas gélidas águas do Mar Báltico, à altura das Ilhas Aland, um arquipélago independente localizado entre a Suécia e a Finlândia. Nele foi encontrado um carregamento das mais antigas garrafas de champagne ainda em condições de consumo, até hoje localizadas. As estimativas são de que tenham sido produzidas há quase 200 anos.

Submetidos a cuidadosa análise, a primeira garrafa e o champagne nela contido revelaram que a bebida mantém-se excepcional em muitos aspectos; ela foi atribuída, sem nenhuma dúvida, a uma produtora que não mais existe, a Maison Juglar. Prosseguiram as buscas, os exames também, cada vez mais acurados. Até que quarta-feira passada, dia 17 de novembro, o enólogo François Hautekeur e a historiadora Fabienne Moreau, ambos da Veuve Clicquot, puderam identificar essa marca, com absoluta clareza, no interior da rolha de cortiça. Como as garrafas não possuem rótulos, aquela é a única forma possível de identificação.

Os trabalhos continuaram, já se pode determinar que três garrafas são da Veuve Clicquot e há uma grande probabilidade novas comprovações de origem em outras garrafas, nas próximas semanas.

Olhem o que disse Richard Juhlin, especialista em champagne que experimentou o conteúdo das garrafas:

– A Clicquot é um pouquinho mais seca, parecida com um Riesling. Tem cor esverdeada, que também é mostrada pelas notas refinadas e elegantes de casca de lima, flores brancas e florescência de tília. Embaixo, uma camada levemente temperada e torrada, e um buquê perto do queijo Brie de Meaux. Incrível frescura e quase como um Rheingau Auslese muito antigo.

Mas que paladar, quanta imaginação olfativa e gustativa tem esse homem!

De qualquer forma, a descoberta não causou espanto à famosa produtora francesa: a rota do Báltico foi usada frequentemente por Madame Clicquot para seus despachos destinados à corte imperial da Rússia. Eles constituíram os primeiros sucessos comerciais da jovem viúva e impeliram o desenvolvimento de sua Maison, fundada  em 1772. A foto mostra à direita uma das garrafas resgatadas; à esquerda, uma Brut Yellow Label do século atual.

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