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O inacreditável entra e sai dos treinadores

Publicada em 15/setembro/2010

Consegui a estatística que procurava: até agora, 21 técnicos foram demitidos no Brasileirão. Com apenas 20 clubes na disputa, esse número é bem a cara do nosso inconsequente futebol. O Botafogo não é exatamente um exemplo de boa administração, mas quando estacionou em 17º lugar segurou o milagroso Joel Santana – hoje festeja a terceira colocação. Já o Flamengo dispensou Andrade, seu técnico campeão brasileiro de 2009, apostou em uma solução caseira (Lourenço) e acabou ficando com Silas. Depois de toda essa mixórdia, mal se aguenta em 16º – com viés de baixa.

Doloroso

A propósito, foi comovedor assistir aos queixumes de Andrade, em mais uma oportuna matéria de Regis Rosing no Esporte Espetacular. Lacrimejante, o ex-ídolo questionava; “O que fiz de errado para ser demitido do Flamengo, por que não recebo proposta de clube algum?” O paradoxo é que Andrade uma vez mais assumira como interino, se fizesse uma campanha medíocre voltaria a seu estável emprego de auxiliar. Como encetou uma reação que o levou ao título, virou treinador efetivo. O que, no futebol brasileiro, conduz a um centímetro do abismo: vacilou, dançou.

Chatice

O repórter formulou uma daquelas perguntas intermináveis, recheadas de opiniões que só conseguem irritar o telespectador, sequioso por uma palavra de seu ídolo. O entrevistado só olhava, ouvindo, esperando a conclusão do enunciado. Quando o “entrevistador” finalmente calou a boca, o jogador apenas respondeu: “É isso mesmo, você já disse tudo”. E foi embora, contrariando seu apelido. Era Loco Abreu, mais certinho do que muita gente.

Redentora

Renato Portaluppi respondeu ao desafio e passou da fase de apoio psicológico para a de organização do time. Sábado passado mostrou suas qualidades como técnico e fez o Grêmio jogar um ótimo primeiro tempo. Não interessa se, após a entrada traiçoeira de Douglas que tirou Ralph de campo, o Corinthians ficou com apenas quatro titulares mais o goleiro: os 22 jogadores esforçavam-se ao máximo, só que os do Grêmio eram mais organizados, eficientes. E havia o instransponível Victor, que resistiu incólume às 26 finalizações corintianas contra seis tricolores. Vitória justa e exata: era tudo o que o Grêmio precisava para começar sua reação.

Contudo…

Precisei me beliscar ao ouvir Renato falar em Libertadores. Alto lá! Por enquanto o Grêmio mostrou ser capaz de retrancar-se, defender-se estoicamente, mas precisa jogar bem mais, até mesmo para chegar ao final na zona da Sul-Americana, como há meses venho afirmando que conseguirá. Gols como o de Douglas não acontecem todo dia. E jogos como o de hoje podem encerrar desagradáveis doses de realismo.

Exemplo

Ou não foi isso que vitimou o Inter domingo? O Brasileirão é extremamente competitivo, um campeonato de tiro longo, cheio de alternativas. Jogar contra o lanterna não significa jogo fácil, principalmente se ocorrer em casa, coisa que o Inter já aprendeu. Considero a partida de hoje (19h30min) contra o Palmeiras no Olímpico mais difícil para o Grêmio do que o jogo do Inter, amanhã contra o São Paulo.

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