Nova geração de mulheres na cozinha
Cozinheiras de antigamente seriam senhoras gordas e patuscas, valendo-me daimagem criada pelo teatrólogo Nelson Rodrigues. Não sei se todas, mas conhecialgumas que se encaixariam nessa descrição, transpostas do âmbito doméstico paracozinhas de bares e restaurantes na década de 1970.
Como as coisas mudaram, desde então. Os raros chefs da época, na minha lembrança,seriam o talentoso e temperamental Dario (de Korote, Porto’s e vários outros), um dossócios do Los Troncos (o outro fazia a função de maître), Lajos Krivanek, mais pararestaurateur do que propriamente chef e, na minúscula cozinha de seu Phornalia, o milagroso Xico Rizzo. Além,claro, dos que a memória não registra neste momento.
Depois os homens se multiplicaram no cargo, sufocaram as antigas cozinheiras, que mal e mal obtinham funçõesdesimportantes, talvez descascando e fritando batatas, preparando arroz branco, coisas assim.
Até que as mulheres voltaram. Com força, partindo de escolas de gastronomia, reassumindo funções de ponta e deliderança em restaurantes. Jovens, bonitas, talentosas, competentes. Querem ver?
Fiquem com essas belas imagens, enquanto tomamos o Eurostar na Gare Du Nord com destino a Londres, torcendopara que tenhamos uma semanazinha sem chuva. Com tempo bom, topo tudo. Desde o prometido (ao Pedro, agoraque completou seus quatro anos) piquenique no Hyde Park, até passar por um período de testes no Chelsea, se láestiverem precisando de goleiro.
Aqui em Porto Alegre há a figura da restauratrice Roberta Gomes (foto 1), que acumula a função de chef da cozinhado charmoso Lorita (51 3264-6000), onde promove festivais e ministra cursos, tudo sem abandonar seu consultóriode psiquiatria. Sua formação na cozinha espelhou-se na figura de sua avó, cresceu com ela até o ponto de expandir-se, das reuniões familiares e com amigos, para a criação de seu restaurante, há cinco anos.
Manu Buffara, do alto de seus 26 anos (foto 2), depois de viajar pelo mundo cozinhando, inspirou-se no restaurantedinamarquês Noma e no francês Le Chateubriand para criar seu Manu Restaurante (tel. 41 3044-4395), em Curitiba. Ali ela mescla conceitos modernos da culinária mundial com sabores tipicamente brasileiros. Foi onde recebeu,ontem, outra chef consagrada, para um menu degustação.
Trata-se de Ligia Karazawa (foto 3), do paulistano Clos de Tapas, onde assumiu a chefia de cozinha após 13 anosna Europa. Ela formou-se na Escola Hoffman-Arnadi de Hotelaria (Barcelona – Espanha), estagiou em restaurantescomo El Celler de Can Roca, El Bulli e ainda comandou a cozinha do valenciano Casa Lluiset.
Renata Vanzetto (foto 4) é chef do Marakuthai, nascido em Ilhabela, que recentemente abriu unidade em São Paulo, nos Jardins. Autodidata, ela começou a cozinhar aos 13 anos no restaurante da mãe, possui em seu currículodiversos prêmios e recentemente estagiou no Noma, número 1 no ranking dos 50 melhores da revista inglesaRestaurant. Ela também escreve no blog da Avianca.
Por fim, conheçam Natalie Machado (foto 5), relações públicas com pós-graduação em marketing, atualmentededicada a seu Studio dos Aromas – Gastronomia & Eventos, em Porto Alegre. Ela formou-se pelo InstitutoGastronômico da Argentina antes de abrir seu negócio. Até setembro, estará concluindo três meses de curso em Le Cordon Bleu e estágios em restaurantes de Lima (Peru), buscando especialização na culinária andina.