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Histórias sobre a história do vinho na Serra Gaúcha (parte 2)

Histórias sobre a história do vinho na Serra Gaúcha (parte 2)

Este texto complementa o publicado nesta seção dia 15 de junho, no qual o colunista aproveitava a sabedoria e os conhecimentos de Moysés Michelon, respeitado empreendedor da Serra Gaúcha, para resgatar histórias sobre o vinho no Rio Grande. Aqui foram lembrados os vinhos Santa Úrsula e os famosos varietais da Granja União, mas houve quem protestasse pelo esquecimento de marcas como os claretes Precioso e  Único e ainda quem questionasse a omissão de vinícolas centenárias, como a Salton.

Bem, o fio condutor são as lembranças do colunista, ainda criança ou adolescente. E os relatos históricos de seu entrevistado surgem mediante perguntas a ele formuladas. Então não é a história do vinho no Rio Grande, mas registros de parte dela, certo?

De volta aos anos 1970: latada (ou pérgola) era o sistema de cultivo adotado na Serra Gaúcha, predominante quase até o final do século passado. Resultava em expressiva produtividade por hectare, mas a qualidade da uva colhida não satisfazia. As primeiras espaldeiras surgiram em Flores da Cunha. Era lá que a Granja União fazia seus experimentos, um pioneirismo depois aproveitado massivamente – em minhas andanças pelas regiões produtoras raras vezes encontrei outra forma de sustentação de viníferas (na foto, Pinot Noir da Cave Geisse).

A década de 1980 foi a da tecnologia: Martini & Rossi com a De Lantier, a Heublein com a Forestier e a subsidiária da francesa Möet & Chandon desencadearam uma incontrolável modernização, estendida às vinícolas locais. Foram aos poucos abandonadas velhas barricas gigantes, de madeira, com elas também desapareceram técnicas superadas de vinificação. Desembarcaram na Serra, além dos tonéis de aço, barris de carvalho francês, que logo se tornaram um modismo. “Quanto tempo no carvalho?” passou a ser uma pergunta recorrente a quem se referisse aos tintos.

É dessa época o surgimento da Almadén, que se encarregou de mostrar aos produtores serranos, a partir de Livramento, o potencial da Campanha Gaúcha. A primeira safra data de 1982, em 24 meses ocorreu o lançamento da marca que, com pesados investimentos publicitários, em 1986 assumiu a liderança de mercado. Somente em 1993 a nova empresa lança sua linha de varietais finos, quando concorrentes pesos-pesados, como a Aurora, já possuíam suas linhas de vinhos com pelo menos 60% de determinada vinífera, conforme exigência da legislação brasileira.

A Almadén foi adquirida em 2002 pela Pernod Ricard e em 2010 passou ao controle dos poderosos grupos Miolo, RAR e Lovara. Mas aí já entramos neste século 21, deixamos para trás as lembranças e passamos a falar do presente. O que também é bom, concordam?

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