Espumantes não têm safra?
Por que, diferentemente de vinhos tranquilos, os espumantes não ostentam a safra em seus rótulos? Bem, como eles são elaborados com uvas de duas, três, ou tantas safras quantas forem necessárias para atingir os objetivos dos enólogos, as garrafas teriam de conter até mesmo uma dezena de informações sobre o ano de colheita de cada vinífera utilizada.
Os milesimados são exceções, até pela valorização representada por safras memoráveis que acumulam em suas composições – divulgá-las constitui um bom argumento de vendas.
Tudo certo? Não. Provavelmente receberei uma bateria de ataques e razões para que espumantes não revelem safras. Ok, mas por que não afixar nos rótulos o ano de engarrafamento? Nem todo mundo possui uma adega organizada, sempre se acha alguma garrafa adquirida ou presenteada em data desconhecida.
Nesse tempo de férias tentei, em algumas ocasiões, revisar cada garrafa entre as quase três centenas que modestamente ocupavam o desvão da escada do apartamento. Não deu: há pelo menos 25 espumantes, cavas e afins que não cataloguei na época e que hoje nada informam sobre si. Ao abrir, estarei sujeito a desagradáveis surpresas, como encontrar zero de perlage, quem sabe na presença de convidados.
Não precisava, bastaria uma data impressa no contrarrótulo. Mas aí, talvez as garrafas fossem encalhar em alguma loja pouco criteriosa, ou simplesmente ser rejeitadas pelo consumidor, adepto de beber espumantes jovens, exatamente para não correr riscos.
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