Entre brindes e comemorações
Duvido que em outro mês se venda tanto espumante como em dezembro. É época de muitos brindes, das festas familiares, de comemorações nos locais de trabalho e obviamente nas vinícolas: ano após ano elas vêm quebrando recordes de vendas, praticamente tudo o que produzem vai borbulhar nos cálices dos consumidores. Ainda não tenho os números correspondentes a 2010, mas duvido que deixem de, uma vez mais, superar os do ano anterior.
Não precisava ser assim, essa concentração brutal do consumo em uma época do ano. Contribuem para isso razões climáticas, do calendário festivo e até financeiras – ou alguém imagina que, com o 13º salário no bolso, não surjam consumidores sazonais, dispostos a brindar com algum frisante, até mesmo um filtrado qualquer, de preferência bem docinho?
Sem problemas: esse perfil de consumidor, que usa essa porta de entrada para o mundo dos vinhos, pode aos poucos se transformar no apreciador dos melhores rótulos, sejam de espumantes, sejam dos tranquilos.
Gosto de contar uma história, vivida pelo colunista em verões distantes. Éramos ainda universitários, em algumas tardes sobrava tempo para disputas de tênis em duplas, em que cada set equivalia a uma garrafa de Casal Garcia, convenientemente gelado no bar do clube. Ninguém dali ganhou nada em Wimbledon, mas todos aprenderam a beber bons vinhos.
No verão, escolhia-se uma praia entre Torres, Atlântida e Imbé, para ocasionalmente bebermos uns vinhos juntos. No bar, sistematicamente nossa mesa era rotulada como a dos ”rapazes de Caxias” – ninguém era de lá, mas bebíamos vinho no verão, todo mundo preferia empilhar bolachas de chope, então…
Bons tempos! Ainda melhores agora, quando tem mais gente optando pelos vinhos durante o ano todo – e os rótulos são aplicados apenas às garrafas, não nos que as degustam.