Do Lulu Térmico aos food trucks, parte dois
O Zé Mauro, que citei semana passada como dono do Lulu Térmico, mais tarde teve uma casa noturna chamada Vinha d’Alho (Av. Azenha) e depois sumiu pelo mundo. Há uns 30 anos, desembarcamos em Paris e, antes de chegar aos táxis, somos abordados por uma figura simpática, cabeleira presa em rabo-de-cavalo, oferecendo traslado, hospedagem, dicas turísticas: quase não acreditei, mas era ele, o Zé Mauro. Deixou-nos em nosso hotel, mediante uma quantia módica e a promessa de visitarmos a perfumaria para a qual ele prospectava clientes.
De volta aos hambúrgueres, há trailers e casas que deles mantêm uma linha gourmet, com caprichadas composições. E vem mais uma: os irmãos Zambon estão quase concluindo a reforma que fará surgir sua hamburgueria, no local onde funcionou o Sanduíche Voador. Por enquanto, incluem amostras do futuro menu no brunch dominical do restaurante Seasons, com ótima receptividade.
Em Porto Alegre há meia dúzia de endereços que, com suas sugestões de hambúrgueres, já absorvem público jovem (ou nem tanto), cobram bem e fazem sucesso. A criatividade, essa não tem limites: o hambúrguer da foto menor é à carbonara, acaba de ser lançado em São Paulo (na rede H3) e se ainda não tem, logo terá aqui.
Quanto aos food trucks, eu ainda os vejo sujeitos a chuvas e trovoadas, até porque, no mais das vezes, se reúnem ao ar livre e isso requer bom tempo. Houve pelo menos um desastroso episódio em Porto Alegre, em que descuidos na refrigeração de produtos resultaram em interdição. Mas sei de gente talentosa em meio aos caminhõezinhos, jovens cozinheiros testando seu potencial, veteranos arriscando seu prestígio e o de seu restaurante.
Os trucks chegaram para ficar, pelo menos até que o Brasil saia do abismo econômico-social a que foi lançado. O essencial quase todos têm: comida atraente, preço fechado e acessível. Aí basta deixar que o mercado fale: quem é competente fica e quem não é sai fora.