Cafezinhos de antigamente em Porto Alegre
Há uma geração de porto-alegrenses que, ao pensar em cafezinho,automaticamente faz uma associação ao espresso. No cotidiano lá de casa há uma máquina que o prepara, assim como capuccinos etc. Passar um café? Bem, até aquelas eficientes cafeteiras alemãs de vidro, com um êmbolo, caíram em desuso. Pena que, em nome da praticidade, foi-se embora a autenticidade do café com jeito e acento brasileiro. Não precisava: ele poderia conviver em perfeita harmonia com os clássicos estilos italianos, entre tantos (e saborosos) que há por aí.
Só que o café passado, como o chamam, tem que ser caprichado: fresquinho, grãos moídos na hora, bem servido,correto?
O café e o copo d’água sobre o balcão, do outro lado moças uniformizadas recolhendo as fichas coloridas adquiridas no caixa e servindo os pedidos correspondentes – há uns dez cafés disponíveis. Esse conjunto com mineral e um esquecidinho me foi simpaticamente servido no balcão de À Brasileira por R$ 2,25 (o expresso, por exemplo, custa R$ 3,50).
Não precisava ficar em pé: há dois ambientes com mesas, cadeiras e nada de pressa, onde quem está com tempo degusta tranquilamente seu café.
Claro que, como bom saudosista, senti-me remetido a antigos endereços do Centro: Praiana (Largo dos Medeiros), Rian (térreo do edifício Santa Cruz), Cubano (Rua Uruguai) e, claro, o irremovível Haiti (Rua Otávio Rocha), há décadas servindo doces, salgados e cremosos cafés, estes em um pequeno e disputado balcão. O À Brasileira fica na Rua Uruguai, a 20 passos da Rua da Praia. E a julgar pelo sucesso que faz, por muito tempo vai reensinar a novas gerações o que, no século passado, era um autêntico cafezinho.