A geração hambúrguer
Na minha adolescência eles já existiam, geralmente em trailers, que atraíam filas de gente nas madrugadas. O queijo parecia indispensável, tanto que o sanduíche que o Joe’s – salvo melhor lembrança – lançou, ali na Ramiro com a Independência, começou como cheeseburger e terminou como um singelo xis qualquer coisa. Esse qualquer coisa vai por conta da parafernália de ingredientes que se somavam à carne. Esta, por sua vez, também poderia ser substituída por frango, porco, estrogonofe, camarão – só não valia carne de cachorro ou de cavalo, que esses animais aqui a gente preserva.
A proliferação gerou quase uma explosão nesse mercado, o xis passou a integrar o cardápio de lanchonetes por toda a cidade, talvez com mais capricho do que obtinham os trailers que, levados pelo sucesso, chegavam a ocupar valiosos espaços. Lembram do Plutão, que desalojou um posto – o único que vendia gasolina verde – ali na rótula da Plínio Brasil Milano? Mesmo assim, seu produto era apenas o que sempre fora – um sanduíche quente.
Aí surgiu o primeiro McDonald’s da cidade, na Rua da Praia. E as pessoas começaram a viajar, familiarizaram-se com essa e outras redes pelo mundo – eu mesmo entrei duas vezes, em Aruba para um milk shake, outra vez voltando para a capital após uma tarde de compras em Colón, no Panamá – o congestionamento na rodovia era tamanho que nos refugiamos em um McDonald’s à beira da estrada e, sim, encarei um lanche daqueles, com refrigerante e tudo.
Hoje vivemos a época do hambúrguer gourmet. Segundo depoimentos, chega a ser sofisticado nos ingredientes e na preparação, superam de longe os preços de seu concorrente multinacional. Os jovens que começaram a consumi-los em Bob’s, McDonald’s e similares, ao passarem a ter renda própria seguiram outro caminho que não o de gerações anteriores: ao invés de um up grade aos bons restaurantes, optaram por ascender ao patamar dessas hamburguerias.
Elas estão aí, por toda a parte, das vilas ao Moinhos de Vento, com preços proporcionais. E até redes como o Outback renderam-se aos hambúrgueres, com três opções (foto acima) incorporadas ao seu consagrado menu. Semana passada anunciei que uma hamburgueria nascera no espaço em que havia o bom restaurante Galtcho. É provável que tenha melhor sorte do que a de seu antecessor, embora a turma do garfo e faca possa sair perdendo.
Já a Mark Hamburgueria está festejando seus três anos e a marca de 50 mil exemplares vendidos, com novidade no cardápio: são 180 gramas de carne bovina, maionese de páprica defumada, agrião baby, broto de trevo, queijo Brie e geleia de morango com vinho tinto e especiarias, escoltado por batata frita ou rústica e molhos da casa (na foto abaixo, R$ 39,00).
, Rua Joaquim Nabuco, 383, Cidade Baixa, tel. (51) 3030-0062.