A capital gastronômica da América do Sul
Minhas visitas a São Paulo começaram com menos de um ano de idade. Desde então, periodicamente deixo-me levar pelas tentações de viajar até lá. Houve época em que Buenos Aires me causava certa dúvida, hoje em dia falam em Lima, no Peru, mas entendo que São Paulo é e nunca deixou de ser a capital gastronômica do continente. Nem os que vivem naquela megalópole conseguem vivenciar por inteiro seu potencial, tantos são os restaurantes e bares a apreciar.
No último feriadão foram quatro dias de opíparas refeições, além de grandes espetáculos: dividir as cadeiras no luxuoso setor Oeste Inferior da Neo Química Arena, com aquela enlouquecida torcida do Corinthians, por exemplo. Ou assistir ao imperdível musical “Donna Summer”, no Teatro Santander (Iguatemi JK), com direção de Miguel Falabella, em cartaz até dia 28.
Nos restaurantes e hotéis a pandemia consagrou os menus por QR Code – experimentei pedir um convencional no renovado Il Ristorante Famiglia Mancini (foto acima), custaram a achar. Até este domingo, dia 14, mais de 120 cardápios de almoço e outros tantos de jantar estarão disponíveis nos locais participantes do SP Restaurant Week, com preços entre R$ 34,90 e R$ 109,00, desde a entrada à sobremesa. Uma promoção inteligente, que divulgo desde que existia apenas em Nova York.
A quem perguntar o que fomos fazer na festiva Rua Avanhandava, em pleno Centro, respondo: justiça. É que lá estão os restaurantes de Walter Mancini, que se endividou pesadamente durante a pandemia, mas os fez sobreviver sem demitir um colaborador sequer. Pagamos couvert artístico (R$ 21,00 por pessoa), por opção almoçamos rapidamente (nosso Pedro esperava no hotel) e por volta de 15h ainda estava lotado. No Famiglia Mancini (41 anos), na outra calçada, a estimativa era de 60 minutos de espera.
Vieram à mesa Aperol Spritz (R$ 39,00), mineral (R$ 9,00), elogiada lasanha de funghi secchi e Mozzarella (R$ 110,00). Coube-me degustar esse ossobuco da foto (olhem a colherzinha no alto, para retirar o tutano) ao molho de vinho tinto com fettuccine (R$ 118,00), massas sempre feitas na casa. Com dois expressos e o serviço, R$ 361,00.
Outra refeição digna de nota foi Café Journal, há 24 anos ocupando um casarão lindíssimo, de pé direito alto, tijolos antigos à mostra nas paredes, em Indianápolis. Serviço gentil, embora um tanto atrapalhado para as quatro da tarde de um sábado. Picadinho de mignon, ao molho rôti e banana, com arroz, feijão, farofa e couve (R$ 89,50), burrata (R$ 65,90), uma bela porção de arancini com Brie e geleia de pimenta (na foto acima), R$ 49,90), mignon à milanesa com salada verde e fritas (R$ 92,50) e esse exuberante filé de pescada amarela ao forno (foto abaixo), com crosta de castanha e nozes, tagliatelli de pupunha, abobrinha, cenoura, aspargos e tomate assado (R$ 118,00).
Como se percebe, quatro dias intensos em São Paulo e tudo o que deixamos de conhecer… Será preciso voltar logo!