Harmonizações inovadoras
Uma novidade em termos de harmonização. Não com vinhos, mas com drinques da coquetelaria clássica ou autoral. Antigamente havia quem bebesse uísque do couvert à sobremesa. Atualmente, em minha própria mesa, se não estamos com algum espumante à frente, vejo a Andréia revezar goles de Aperol Spritz e água mineral durante toda a refeição.
Não só ela: em Curitiba, restaurantes consagrados vêm sugerindo extensas cartas de drinques para degustar com o jantar. O mixologista José Augusto Swaiger, do Obst – um sucesso da alta gastronomia na cidade – sente-se recompensado com a aceitação do Pomar (foto), um coquetel de vodca inficionada na pera, licor de flor de sabugueiro, suco de limão, uva verde e pepino japonês, que indica para acompanhar tartar de vieiras, um snack de acidez elevada por conter mel de abelha emerina, creme de lima khaffir, uma lâmina de lardo e bottarga.
Já o barman Renan Hoffmann Albuquerque, do Raulino Cozinha Autoral, cita o AppleBerry – à base de gim e levemente cítrico – como ideal para chegar à mesa com um ceviche, que tem entre seus ingredientes leche de tigre, preparado com suco de limão, pimenta, cebola roxa e temperos. Parece lógico que seja boa companhia para um drinque que combina London Dry Gin, nuances aromáticas de maçã verde, capim cidreira, tangerina e calda natural de amora.
Este texto pode ser lido apenas como curiosidade. Ou, talvez, liberar seus sentidos para novas experiências. De qualquer sorte, assim como preconizo com relação aos vinhos, essas novas harmonizações devem obedecer, sempre e primordialmente, ao juízo de seu próprio paladar.
Convenções, cerimoniais, teorias, ortodoxias, tudo isso vem depois.