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A evolução dos vinhos brasileiros

A evolução dos vinhos brasileiros

Nem enólogo, sommelier, pequeno produtor, sequer um connaisseur: sou apenas um jornalista que acompanha o mercado de vinhos e os degusta, moderada e prazerosamente, acumulando experiências – e escrevendo sobre elas desde a década de 1980. Ao longo desses anos vivi a resistência do pessoal da Serra Gaúcha a qualquer outro terroir que tentasse se imiscuir no cenário, serenamente dominado por Bento Gonçalves, Garibaldi, Caxias e outros municípios da região.

Não era a melhor política, como o tempo se encarregou de mostrar.

Mais lógico era o combate aos importados, especialmente os que o Mercosul permitia – e permite – ingressar no Brasil a preços desigualmente competitivos, embora até isso significasse novos conhecimentos. Os rótulos europeus nos traziam mais aprendizado ainda, mesmo que em meio a valorizados franceses, italianos, espanhóis, portugueses e alemães, aqui chegassem caixas e caixas de vinhos de países do Leste, então com duvidosa qualidade.

Vineria 1976 - Por Claudio Martins Verissimo (1)

Nossos enólogos investiram nos varietais, coisa que a velha Granja União sempre fez, como porta de entrada para produtos mais evoluídos. No começo eram com 70%, logo passaram a elaborar com 100% de uvas pouco conhecidas do público, como a hoje consagrada Cabernet Sauvignon. Havia um claro desprezo por vinhos eufemisticamente chamados de suaves.

Um amigo, de ascendência espanhola, não cansava de apregoar em nossa confraria: “Tintos para os homens, brancos para as mulheres, rosés para trouxas”. Não era bem assim, o paladar médio do brasileiro e da brasileira contradiziam o axioma.

ADEGA - ESPECIAL

E nada disso vale para os tempos atuais. Sempre apreciei brancos secos à mesa, em breves passagens pela Côte d’Azur me impressionava com damas e cavalheiros degustando rosés, até bons vinhos de sobremesa são elaborados e, como os demais, muito apreciados no Brasil.

Preconceitos vencidos, nossos vinhos vivem sua melhor fase em um mercado aquecido, que muito justamente valoriza desde as duas safras anuais proporcionadas pelo Vale do São Francisco até as várias regiões produtoras do Rio Grande, com expressivas passagens por Santa Catarina e outros estados. Um brinde a esse novo contexto!

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