O espumante que despertou a atenção de todos
O grupo era de 15 pessoas, o espumante serviria apenas para brindar à aniversariante do domingo, visto que a feijoada por mim executada pedia vinhos tranquilos. Mas entre as garrafas escolhidas, quase todas de produção gaúcha, essa da foto despertou minha atenção. Trata-se de uma edição especial elaborada pela Guatambu, de Dom Pedrito, encomendada por criadores de Angus, representativa raça da pecuária brasileira.
Basta examinar a imagem com atenção para perceber o diferencial: lá no pescoço da garrafa, uma preciosa etiqueta informa a safra – 2014. O espumante, nem tão jovem, estava íntegro e foi devidamente degustado pelos apreciadores de brut. A informação da safra, essa foi saboreada por mim, que há tempo pleiteio que ela conste dos rótulos.
Claro que uma vinícola com poucos anos de existência, muita organização e produção limitada, não precisa aproveitar uvas de variadas safras para elaborar um champenoise extra brut como esse – no caso, ficou ainda mais fácil, porque apenas a Chardonay foi utilizada.
Mas o que impede um enólogo de identificar quais viníferas, de quais safras, aproveitou em seu espumante? E por que as vinícolas não prestam essa informação ou, pelo menos, divulgam o ano de engarrafamento?
Mais do que talento, às vezes é preciso malabarismo para fazer bons espumantes com uvas de alguma safra traiçoeira. Mas antes de tudo, informação verdadeira corresponde a credibilidade. E essa – o ano do engarrafamento – é mais do que um direito do consumidor.