O fim de uma deliciosa caçada
Quando soube do encerramento das atividades do Calamares me bateu o pavor. Menos pela especialidade da casa – bacalhau – do que pela sobremesa que, induzido pela querida Celia Ribeiro, há anos passou a ser minha predileta por lá: “E agora, pensei, onde mais vou achar aquele divino rocambole de laranja”?
Passei a examinar com mais atenção cartas de sobremesas dos restaurantes, degustei muita coisa boa – o trio composto por bolo, creme e trufa de chocolate do Abbraccio é uma feliz lembrança –, mas o rocambole não me saía da cabeça. Pudins de laranja macios e consistentes, esses provei às mancheias, cada qual melhor. Outro dia, almoçando na sede Nova York do Juvenil, havia um que era assado no forno – gostei, mas nada a ver com o desejado rocambole.
Até domingo, quando voltamos ao Germânia, onde imperam chef Lúcio e sua corte. Após os lautos bufês habituais, um pouco reduzidos em termos de opções – talvez de modo a manter inalterados os R$ 70,00 por pessoa que cobra –, visitamos a mesa de doces. A Andréia em busca de sua lemon pie predileta (depois da que a sogra faz), o Pedro disposto a encarar os sorvetes e o colunista, sem nada planejado – até deparar com essa maravilha da foto.
Depoimentos dão conta de que meus olhos arregalaram-se desmedidamente. Não duvido: mesmo que a apresentação merecesse um capricho maior, lá estava, desavisadamente, o rocambole de laranja. Coloquei duas em meu prato, voltei à mesa e, com pompa e circunstância, curti o reencontro – sim, era bem como em meus sonhos, tenro, suculento, o gostinho de laranja pronunciado, não agressivo.
Os almoços do chef Lúcio ocorrem somente aos domingos. Recomendável reservar mesa – e, se for o caso, o rocambole – pelo (51) 3018-1656.