A Caravana perde seu grande líder
A Caravana Gastronômica nasceu na década de 1970. Inicialmente eram almoços aos sábados, seguidos por disputadas partidas de futebol, para facilitar a digestão – claro, éramos todos muito jovens. Com o tempo – por causa do prazo de fechamento da coluna de gastronomia que na época assinava em Zero Hora –, as reuniões passaram a ocorrer nas terças-feiras, que na Porto Alegre de então correspondiam a noites semimortas. A cada semana um restaurante era escolhido para, sem aviso ou reserva, enfrentar uma mesa com algo entre oito e 12 exigentes convivas. Pagava-se a conta e a análise do colunista saía no jornal.
A repercussão era grande, a cada jantar havia mais convidados, o grupo aumentou a ponto de, à mesa, desaparecer o espírito crítico e imperar apenas a diversão. Por essa época resolvi me afastar, embora a Caravana continuasse unida e crescendo. Ao longo dessas décadas houve duas ou três quase completas renovações de nomes, dos fundadores permanecemos apenas dois. A freqüência não é a de antes, primeiro porque a noite de terça-feira agora é ocupada por variados eventos, segundo porque provavelmente não se tenha a mesma disposição para sair sempre. Mesmo assim, até hoje, inexoravelmente a cada terça-feira, um restaurante é visitado pelo grupo, a conta é paga e não tem futebol depois.
Claro que a Caravana Gastronômica irá continuar. Mas vai ficar bem mais difícil reunir a turma sem a presença do Clovis, líder e maior incentivador dos jantares dos últimos anos.
A propósito, a paella marinera de que falei ao início. Ela foi encomendada à Magdalena (tel. 3470-4661), que prepara vários tipos e entrega no endereço do cliente.