Cavas, mais de um século nas adegas
A Catalunha é bem conhecida por brasileiros que foram ou nunca foram à Espanha, desde que apreciem o futebol: é onde fica a sede do incensado Barça, reduto de craques de todo o planeta, inclusive do Brasil. Colada à cosmopolita Barcelona, de agitada vida noturna, gastronômica e cultural, não necessariamente nessa ordem, está uma região diferenciada: Penèdes.
De lá vêm os cavas, cujos produtores se ofendem se ouvem chamá-los de espumantes (ou espumosos). E não fazem questão alguma de vê-los confundidos com champagnes, embora utilizem exclusivamente o método tradicional francês, de dupla fermentação na garrafa. Os mais populares no Brasil são o tradicional Codorníu e o Freixenet, este integrante da lista de compras de nove entre dez porto-alegrenses que passam por Rivera (Uruguai) – eles voltam felizes com os US$ 8,50 pagos por garrafa, um terço do preço praticado em bons supermercados brasileiros.
De volta à Catalunha, foi precisamente em Penèdes que há quase 140 anos começou a elaboração de cavas na região. Ficou claro que, para ser cava, é imprescindível usar o método champenoise; mas isso não significa adotar Chardonnay e Pinot Noir como viníferas preferenciais. Não: ali se priorizam Xarel-lo, Macabeo, Parellada (essas três compõem o Freixenet, por exemplo), até porque os produtores não toleram a presença de qualquer uva tinta no cava – sob pena de, fatalmente, deixar de ser cava.
Semana passada a Porto a Porto Importadora reuniu em Porto Alegre um grupo de clientes e alguns jornalistas para um jantar harmonizado com vinhos de Penèdes, da Gramona, ali estabelecida desde 1891. É uma vinícola familiar que enfatiza sua preocupação com qualidade, não com volume. Produz 29 rótulos, nenhum deles tinto: somente cavas (nove), vinhos brancos e de sobremesa, dos quais alguns chegam ao Brasil em pequenos lotes.
Em Porto Alegre foram apresentados o cava Allegro Brütt Reserva, um corte de Chardonnay, Macabeo e Xarel-lo (cerca de R$ 91,00 a garrafa), o vinho Font Jui Xarel-lo 2005, fermentado em barricas francesas por quatro meses (R$ 112,00), o Rosé Pinot Noir Reserve Brut (R$ 157,00) e, na sobremesa, o Vi di Gel Dulce de Riesling. Este é produzido com uvas congeladas e utiliza uma garrafa azul (sem preconceitos, por favor – R$ 149,00).