Uma cachaça por preço de champagne
Há algumas semanas contei nessa página o negócio de ocasião oferecido a um amigo: uma garrafa antiga de cachaça Havana por R$ 590,00. A nota causou estupefação em uma roda de apreciadores de bons vinhos, mas houve quem não estranhasse, como Rudi Kilpp, franqueador master da Água Doce para o Rio Grande do Sul. As cachaçarias da rede servem uma dose da Havana por R$43,70, da Anísio Santiago por R$32,30 – uma garrafa desta custa R$ 340,00.
Antes que o leitor pergunte, esclareço: a cachaça Havana foi criada em Minas Gerais por Anísio Santiago, mas ele perdeu o direito de utilizar a marca para o rum cubano de mesmo nome. Como a cachaça que produzia já era famosa além das divisas de seu estado, para evitar novos problemas batizou-a com seu próprio nome. Quando morreu, em dezembro de 1999, repassou os segredos da bebida ao neto Roberto Carlos Moraes Santiago, que não apenas continuou com a produção como também escreveu um livro: “O mito da cachaça Havana – Anísio Santiago”, no qual conta toda essa história.
É preciso que se diga que a Havana segue no mercado e que nem ela nem a cachaça Anisio Santiago referem as safras – o envelhecimento pode ser feito em seis ou sete anos e este é um dos segredos de todo o processo. Na Água Doce de Gramado há o Museu da Cachaça, que em seu acervo tem o livro citado e garrafas antigas.
Será que algum desavisado se atreveria a fazer caipirinha com uma cachaça dessas? Seria o mesmo que usar champagne Cristal no clericot, mas tudo é possível…