O império canino
Em vezes anteriores, minha única ressalva ao Empório Canela havia sido quanto ao espaço exíguo, compreensível porque faz parte do estilo da casa. Há oito dias voltamos para almoçar e, já na chegada, escarrapachado, um cachorro de médio porte dificultava a entrada. Escolhemos ficar na sala da frente e fizemos os pedidos – um elogiado filé de salmão, com purê de mandioquinha, legumes e quinua salteados em azeite de ervas (na foto, R$ 64,90), um filé à milanesa que, rijo, não me agradou e um prato kids, que chegou rapidamente, como requerem as crianças.
Aí começaram os problemas: o tal cão entrou na sala, circundou nossa mesa e acomodou-se, à espera de alguma participação no almoço. Perguntei ao garçom a quem pertencia o espécime e ouvi que “não é de ninguém, ele é da rua”. Obviamente pedi que o retirasse dali, ao que o serviçal respondeu, já saindo: “Se quiser, o senhor pode trocar de mesa”. Ou seja: sai o cliente, o vira-lata, não.
Com a refeição em andamento, não fiz o que deveria – ir embora e oferecer a mesa ao importante personagem canino. Mas consegui atraí-lo para o deck, voltar e bloquear a entrada com uma cadeira, resolvendo o problema de vez.
Doce ilusão: o mesmo garçom – que me desculpe a categoria, geralmente formada por pessoas com um mínimo de inteligência e educação – apareceu, retirou a cadeira e foi embora de novo, sem ligar aos meus protestos. O cão entrou novamente e só saiu para perseguir uma moto pela rua afora, latindo furiosamente e logo retornando.
O resultado foi que concluímos velozmente nosso almoço na companhia de um cão vadio, desistimos das sobremesas, pagamos a conta (com mineral, R$ 181,17) e fomos embora rapidinho – o cão ficou.