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O fenômeno da garrafa azul

O fenômeno da garrafa azul

Quem já passou dos 40 lembra de como eram: vinhos aromáticos, suavíssimos, com nomes em alemão, vendidos em estranhas e fascinantes garrafas de cor azul. As más-línguas diriam que as pessoas eram atraídas pelas garrafas da mesma forma que os primeiros habitantes do Brasil se deixavam fascinar por espelhinhos, contas coloridas e outras mercadorias que os navegadores portugueses    carregavam nos porões de suas caravelas – na volta, elas levavam coisas bem mais preciosas, mas isso é outra história.

De novo aos anos 80, à mesa de qualquer bom restaurante da época: nas cartas dos importados de todos eles, faziam-se presentes os vinhos de Joseph Friederich, o mais famoso chamado Liebfraumilch. Sim, vinha na garrafa azul, vendia loucamente entre a classe média, os emergentes e os que pretendessem passar por apreciadores de bons rótulos europeus.

Não havia namorada que não se impressionasse, isso eu garanto!

E o paladar? Bem, naqueles tempos as pessoas bebiam scotch whisky, fornecido por algum contrabandista de confiança, do início ao fim de uma refeição. E quando o cronista social Ibrahim Sued liberou, em sua coluna de O Globo, o uso do indicador para girar os cubos de gelo no copo, aí mesmo que a bebida se popularizou, principalmente entre os mais abonados.

Para enfrentar a cerveja e seu primo rico, o uísque escocês (ou pobre, como um daqueles Mansion House, por exemplo), o vinho precisava de algo diferente. Num país tropical como o Brasil, um tinto da Borgonha teria de lutar muito para aparecer na mesa de alguém – normalmente seria alguma pessoa viajada, devidamente iniciada na degustação de bons vinhos. Sob esse aspecto, o chamariz da garrafa azul até que foi útil. Ela ajudou a criar novos consumidores de vinho, muitos dos que hoje escolhem judiciosamente cada garrafa que entrará em sua adega climatizada.

A gente sabe que os vinhos do Reno têm a garrafa verde, é uma característica da região. Mas a única explicação quanto à origem da garrafa azul é de que ela teria sido comemorativa a algum evento específico, algo efêmero assim.

Na próxima quarta-feira a história continua neste site, com o sucesso de um importador que trouxe milhões de garrafas azuis para o Brasil – e vendeu todinhas. Essas aí da foto continuam vendendo, agora com varietais consagrados como Riesling e Gewuztraminer.

ADEGA_-_GARRAFA_AZUL

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