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Minha primeira churrascaria

Minha primeira churrascaria

Não avalio quantas haveria em Porto Alegre naquela época, muitoprovavelmente não mais do que meia dúzia. Mas lembro claramente, ocolunista com seus cinco, seis aninhos de idade e sua família inteira, todosacomodados no amplo salão da Churrascaria Hércules. Havia cautelaquando chegava o galetocorria a história de um senhor que teria morridoengasgado com um ossinho, em determinado restaurante da cidade.

Casualmente – e disso não recordo, mas é fato comprovadopoucos metros abaixo, na mesma Rua RamiroBarcelos, quase na esquina com Avenida Osvaldo Aranha, operava o equivalente a um aviário, responsável porconstante cacarejar dos galináceos, à espera dos compradores que os levariam em sacolas, para abater, depenar ecozinhar em casa.

De volta à churrascaria: inesquecíveis eram aqueles suportes redondos, feitos em plástico rijo (ou matéria plástica,como diziam), talvez com a marca de alguma cerveja, capazes de sustentar simultaneamente três espetos comcarnes. As farinheiras eram de vidroou seriam garrafas de refrigerante, como utilizavam à beira das estradas?  –os copos, muito simples, mas toalha e guardanapos sempre de imaculado tecido branco. Os garçons usavam camisae paletó brancos, gravata borboleta preta.

Outro dia, subindo a Ramiro desde a Ipiranga, o trânsito estancou logo após a Protásio. Um estridente coro debuzinas tentava espantar o desavisado motorista de um caminhão, que bloqueava a pista em busca de vaga paraestacionar. Olho as lojas à esquerda e reconheço, apesar de sucessivas reformas, os altos do prédio da Hércules.Não resisti: encostei o carro em uma entrada de garagem e fiz a foto que ilustra este texto.

Claro que, se alguém tiver uma imagem da época, ela será bem-vinda e publicada em outro momento. Duvido que ascarnes daquele tempo fossem mais tenras do que as hoje oferecidas em nossas churrascarias, que a modesta salada verde ou de batatas que havia na época se comparassem à fartura dos bufês atualmente disponíveis. Mas, deem licença, dá uma bruta saudade lembrar que Porto Alegre já foi aquela – pacata, segura, sem pressa.

churrascaria_hercules_-_foto_cpm

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