Do bife bem passado ao filé de Kobe
Vivi o tempo em que carne para churrasco, se não fosse picanha, bastavaser gorda e bem passada. O charque se fazia com um corte qualquer quenão servisse a outra finalidade. Saber algo sobre o boi abatido – sim, porquepara carnear um novilho só se ele quebrasse uma pata ou se festejassebodas de ouro do fazendeiro – significava, no máximo, identificar a marcado criador aplicada no couro.
Aprendemos, evoluímos – e muito. Querem ver? Nas churrascarias se pode optar por determinada raça – o Aberdeen Angus está na moda por aqui –, há casas que criam em fazendas próprias o gado que aparecerá em seusbraseiros e tem-se o máximo cuidado para não assar nada além do ponto desejado. Os açougues têm balcõesespecíficos para cada corte ou raça bovina, com detalhamento de sexo, idade e data de abate do animal.
Em qualquer supermercado se encontra charque de primeira (traseiro) para fazer em casa o tradicional carreteiro, ouum criativo tortei (foto 1). Há restaurantes e clientes, como o colunista, que preferem – e encontram – a saborosa e macia carne-de-sol, vedete dos escondidinhos (foto 2), ou servida com feijão de corda e manteiga de garrafa, namelhor tradição nordestina.
Em Curitiba o Manu Restaurante apregoa suas sugestões preparadas com mignon, ancho e contrafilé de Kobe, carne extraída de gado da raça Wagyu. É uma das mais refinadas e dispendiosas iguarias disponíveis no Japão. Suculenta, tenra, ostenta apreciável percentual de gordura distribuída entre as fibras e há quem a considere a melhor carne do mundo. Curiosamente ainda não a encontrei em restaurantes locais, apesar de a importadora (New Wave Royal) ter sede em Porto Alegre.
Para quem teve o apetite despertado pelas fotos acima, alguns esclarecimentos: o vazio de Angus é meucorte predileto no Barranco (Av. Protásio Alves, 1578, tel. 3331-6172). O tortei é recheado com charque de Bagé, leva manteiga e sálvia e faz parte do menu do Bah (BarraShopping, tel. 3247-3000).
O escondidinho de carne-de-sol é um dos hits do cardápio na Cachaçaria Água Doce (Av. Carlos Gomes, 1581) e integra o rodízio servido às terças-feiras por R$ 26,90, com 11 variedades – aos quatro queijos e à bolonhesa são os acréscimos mais recentes. Por fim, O Manu fica na Alameda Dom Pedro II, 317 (Batel) e o telefone é (41) 3044-4395.
